Vacinação infantil global avança levemente, mas milhões de crianças ainda estão desprotegidas

GENEBRA — A cobertura global da vacinação infantil teve uma leve melhora em 2024, segundo relatório divulgado nesta terça-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Apesar do avanço, os dados acendem um alerta: milhões de crianças continuam sem receber sequer uma dose de vacina, principalmente em regiões afetadas por conflitos e crises humanitárias.

De acordo com o levantamento, aproximadamente 115 milhões de crianças em todo o mundo receberam pelo menos uma dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP) — um indicador-chave de acesso à imunização. Destas, 109 milhões completaram as três doses recomendadas, representando um leve aumento em relação ao ano anterior.

Desigualdades preocupam autoridades

Apesar da melhoria, o número de crianças que não receberam nenhuma vacina em 2024 — chamadas de “zero dose” — ainda é alarmante: 14,3 milhões. Isso representa mais da metade dos 20 milhões de crianças que não completaram a série completa de vacinação DTP no ano passado.

O problema é mais grave em países instáveis ou afetados por emergências. Segundo o relatório, essas nações concentram 25% dos nascimentos globais, mas representam quase 50% das crianças sem vacinação adequada. Em comparação com 2019, o número de crianças “zero dose” nessas regiões aumentou em 1,8 milhão — de 3,6 milhões para 5,4 milhões.

Outros avanços e desafios

O estudo também apontou avanços pontuais em outras vacinas. A cobertura global da vacina contra o HPV em meninas adolescentes, por exemplo, dobrou entre 2019 e 2024 — passando de 17% para 31%. No entanto, ainda está longe da meta de 90% estabelecida pela comunidade internacional.

Vacinas contra meningite, poliomielite e rotavírus também apresentaram melhorias modestas em termos de alcance, mas continuam enfrentando barreiras logísticas, culturais e estruturais em diversas partes do mundo.

Especialistas alertam para teto de cobertura

Kate O’Brien, diretora de imunização da OMS, afirmou que o mundo está enfrentando um “teto persistente” na vacinação, indicando que os avanços se tornam cada vez mais difíceis à medida que os sistemas de saúde esbarram em populações mais vulneráveis e de difícil acesso.

Já Catherine Russell, diretora executiva da Unicef, destacou que “ainda há um número inaceitável de crianças que permanecem sem proteção contra doenças preveníveis, e isso deve preocupar a todos nós”.

Compromisso internacional continua

Os dados fazem parte dos esforços de monitoramento da Agenda de Imunização 2030, plano global que visa garantir o acesso equitativo a vacinas em todo o mundo. Embora o progresso em 2024 seja considerado positivo, o ritmo atual ainda está aquém do necessário para alcançar os objetivos da década.

Fonte: Reuters

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