Ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS), a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) classificou o talco como “provavelmente cancerígeno” para humanos. Os resultados resumidos foram publicados na revista The Lancet Oncology e devem ser detalhados no volume 136 do documento IARC Monographs, a ser publicado em 2025.
Inicialmente, o talco foi classificado como pertencente ao Grupo 2A, no qual há evidência limitada de risco para causar câncer em humanos, mas há indícios suficientes em estudos experimentais – com animais. Fazem parte deste grupo: carne vermelha, anabolizantes e atuação profissional como cabeleireiro ou barbeiro.
“A classificação levanta um alerta, mas é difícil afirmar que os estudos que mostraram risco aumentado não foram feitos com talco que tinha amianto em sua composição, por exemplo. Precisamos de mais evidências para abandonar o uso”, afirma a médica Andreia Melo, líder nacional de ginecologia oncológica na rede Oncoclínicas.
O talco é um mineral natural extraído em diferentes partes do mundo. De acordo com a OMS, a exposição ocorre principalmente durante a mineração e moagem do elemento ou por meio do uso de cosméticos e pós corporais que contenham o mineral. A Agência alerta para um risco do uso na região genital, que estaria associado ao aumento da incidência de câncer de ovário.
Além disso, a forma natural do talco, ao ser extraída da terra, pode conter pequenas quantidades de amianto, substância que comprovadamente pode causar câncer se uma pessoa for exposta constantemente a ela.
Nos experimentos com animais, com exposição por inalação, os ratos fêmeas apresentaram carcinomas na medula adrenal e no pulmão e os machos mostraram uma combinação de neoplasias benignas e malignas na medula adrenal.