A hepatite B, uma infecção viral que afeta o fígado, continua sendo um dos maiores desafios globais em saúde pública. De acordo com dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 254 milhões de pessoas vivem com hepatite B crônica em todo o mundo. A doença é responsável por aproximadamente 1,1 milhão de mortes anuais, principalmente por complicações como cirrose e câncer hepático.
A transmissão ocorre através do contato com fluidos corporais contaminados, como sangue, sêmen ou secreções vaginais. Entre as formas mais comuns de infecção estão relações sexuais desprotegidas, reutilização de seringas, procedimentos médicos inseguros e transmissão da mãe para o filho durante o parto. Em regiões com alta incidência, como África e Pacífico Ocidental, muitas infecções ocorrem ainda na infância — e têm maior probabilidade de se tornarem crônicas.
A forma aguda da doença pode causar sintomas como febre, fadiga, náuseas, dor abdominal, urina escura, fezes claras e icterícia. No entanto, a maioria dos casos é assintomática, dificultando o diagnóstico precoce. Já a hepatite B crônica pode evoluir silenciosamente ao longo dos anos, causando danos progressivos ao fígado até levar a quadros graves.
O principal instrumento de combate à doença é a vacinação. A OMS recomenda que a primeira dose da vacina seja aplicada nas primeiras 24 horas de vida, seguida por reforços ao longo da infância. A vacina contra hepatite B é segura, amplamente disponível e tem eficácia comprovada para toda a vida. Desde a sua introdução em campanhas de imunização infantil, milhões de casos e mortes foram evitados.
Além da prevenção por vacina, outras estratégias são fundamentais: triagem segura de sangue para transfusão, uso de preservativos, esterilização de equipamentos médicos e práticas seguras em serviços de saúde.
Para pacientes diagnosticados com a forma crônica, o tratamento com antivirais como tenofovir ou entecavir pode não curar a infecção, mas reduz consideravelmente a carga viral e o risco de complicações graves. O diagnóstico precoce, aliado ao acesso contínuo ao tratamento, pode mudar o curso da doença e evitar mortes evitáveis.
A meta da OMS é clara: eliminar as hepatites virais como problema de saúde pública até 2030. Para isso, governos e sistemas de saúde ao redor do mundo precisam garantir acesso à vacinação, ao diagnóstico e ao tratamento. O desafio persiste, mas os caminhos para superá-lo estão ao nosso alcance.