Casos de contaminação e morte por agrotóxicos crescem no Brasil e no mundo

Intoxicações afetam sistemas nervoso, respiratório e reprodutivo

O Brasil lidera o consumo de agrotóxicos no mundo, com 720 mil toneladas utilizadas anualmente, conforme dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Esses produtos, amplamente empregados pelo agronegócio, são associados a 300 mil mortes anuais por envenenamento, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O problema cresce no país: no primeiro semestre deste ano, os casos de contaminação por agrotóxicos aumentaram de 19 para 182, um salto de mais de 950% em comparação ao mesmo período de 2023, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Em 2022, cerca de 19 milhões de brasileiros estavam empregados no setor agropecuário, muitos expostos a intoxicações que afetam sistemas nervoso, respiratório e reprodutivo. No contexto global, o “Atlas dos Agrotóxicos”, da Fundação Heinrich Böll, aponta que 385 milhões de pessoas sofrem intoxicação por esses produtos a cada ano, com trabalhadores rurais de países em desenvolvimento entre os mais vulneráveis. A exposição prolongada está ligada a doenças como Parkinson, leucemia infantil, câncer de fígado e mama, diabetes tipo 2, asma, defeitos congênitos e distúrbios de crescimento.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) destaca que mais de 20 agrotóxicos proibidos em outros países, como atrazina e clorpirifós, ainda são usados no Brasil, aumentando os riscos para os trabalhadores e reforçando a dependência do modelo agrícola baseado em insumos químicos.

A OIT alerta que as mudanças climáticas agravam os riscos. Em regiões agrícolas, o calor extremo facilita a absorção de agrotóxicos pela pele, potencializando os efeitos tóxicos. Apesar da exigência legal do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), as condições climáticas e as longas jornadas de trabalho frequentemente inviabilizam sua utilização.

Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta cerca de R$ 45 milhões por ano no tratamento de intoxicações causadas por agrotóxicos, segundo a Fundação Heinrich Böll.

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